quinta-feira, 24 de março de 2011

Tempo que Foge - Ricardo Gondim

Sinto-me como aquele menino que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ele chupou displicente-mente mais percebendo que faltavam poucas, passou a roer o caroço. Já não tenho tempo para lidar com mediocridades. Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para projetos megalomaníacos. Não quero que me convidem para eventos de um fim de semana com a proposta de abalar o milênio. Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas que apesar da idade cronológicas, são imaturas. Não quero ver os ponteiros dos relógios avançando em reuniões de “confrontação” para “tirar fatos a limpo”. Lembrei-me de Mario de Andrade, que afirmou: “as pessoas não debatem conteúdo, apenas os rótulos”. Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos. Já não tenho tempo para ficar explicando se estou ou não perdendo a fé. Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente muita humana, que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita para a “ultima hora”, não foge de sua mortalidade, sabe ser madura sem perder o encanto, defende a dignidade dos descriminados e deseja andar humildemente com Deus. Caminhar perto dessas pessoas nunca será perda de tempo.

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